terça-feira, 4 de março de 2014

[PS1] Street Fighter Zero 3

Não sei explicar o porque, mas pra mim SFZ3 não tem o mesmo charme que o SFZ2.

Hoje vivemos em uma época em que DLCs e games "free-to-play" são comuns. Aliás, mais que comuns, são o modelo dominante no mercado de jogos.

Pra quem joga ou acompanha o mercado de jogos há menos de 10 deve ser normal ver DLCs sendo anunciadas antes mesmo de o jogo ser lançado, ter que pagar para desbloquear um conteúdo que está no disco que você já comprou, ou mesmo baixar um jogo "free-to-play" de graça e comprar cada pedacinho dele. Mais que normal, acho que os jogadores mais novos nem imaginam um mercado de forma diferente.

Por vezes, critiquei este modelo atual, e fui severamente criticado. Sou tido como chato, rabugento, implicante, etc. Mas a verdade é que eu jogo há mais de 20 anos, e eu vi uma realidade diferente.

Se hoje em dia mal temos arcades, e, os pouco jogos para arcade podem ser portados sem perdas para os consoles, até o final da década de 90 isso não era mais que um sonho. Apenas um console tinha versões idênticas às dos arcades, o Neo Geo [verdade que o Neo Geo só tinha jogos de algumas poucas empresas]. E ter um Neo Geo não era fácil. Era um console MUITO caro com jogos MUITO caros. Fora da realidade da maioria das pessoas. Uma alternativa menos cara era o Neo Geo CD, que nem era tão acessível para o Brasil e também sofria com loading times insanos. Mesmo assim o Neo Geo CD foi um sonho meu por alguns anos, que não pude realizar [cheguei a encontrar em uma loja, mas o vendedor disse que o console não estava á venda porque a loja não iria trabalhar mais com a marca e aquele último estava programado para ser devolvido]. Como a maioria das pessoas daquela época, eu tive um Playstation.

Pra quem era fã de jogos de arcade, essa época era marcada com uma certeza: os ports não serão idênticos, as vezes, muito longe disso.

Naquela época, também, não tínhamos jogos com orçamentos hollywoodianos, o estigma de jogos serem coisa de criança era mais forte, uma produtora obscura poderia fazer um jogo tão bom quanto uma softhouse de renome, e havia, por assim dizer, mais concorrência [ou pelo menos mais variedade].

Nada de DLC. Extras, extras e mais extras.

Principalmente quando o assunto era jogos de luta, vivíamos uma disputa ferrenha entre SNK e Capcom pelo público. Ter um port aceitável [uma vez que perfeito era impossível] não bastava. Para ganhar o público todo tipo de conteúdo extra que pudesse ser um atrativo era acrescentado. Personagens, cenários, modos, ilustrações, mini-games, etc. Isso mesmo. Você não tinha que comprar algo que já estava no disco, nem precisava comprar o jogo por pedaços [com um total maior que o preço de um jogo padrão]. Todos estes extras eram adicionados para tentar ganhar o consumidor [e não para tentar ganhar mais dinheiro dele].

Quando vejo alguém achando a coisa mais linda do mundo pagar por roupas extras, cores extras, personagens extras, cenários extras, eu me pergunto o que aconteceu com aquela postura dos anos 90.

Lógico que a postura do consumidor ajuda a moldar a atitude das empresas. E se a maioria dos consumidores acha justo pagar por conteúdos que deveriam ser de graça, as empresas vão continuar adotando esta estratégia.

Infelizmente aquela sensação de descobrir os extras do jogo meio que morreu. Agora você tem de comprar...

Um dos jogos que surgiu bem no auge daquela disputa entre SNK e Capcom foi Street Fighter Zero 3.

O pobre PS1 não iria rodar o jogo lisinho. 

A Capcom então, em vista dos esforços da SNK em seus ports [convenhamos, a SNK fez a Capcom uma empresa melhor], resolveu compensar o port com extras. Mais personagens, mais cenários, mais modos de jogo.

Uma ideia feliz da Capcom que atualmente anda tendo muitas ideias infelizes.

Street Fighter Zero 3 foi um dos jogos que mais joguei. Sempre achei que o Street Fighter Zero 2 tinha um charme que o Zero 3 não conseguiu reproduzir, mas na época ainda gostava muito da série Zero, e meus amigos sempre gostaram muito de Street Fighter. A Capcom fez algumas mudanças aproveitando o ponto forte do PS1 e driblando os pontos fracos. Adicionou personagens clássicas, colocou mais modos de jogo, inclusive o World Tour, que permitia editar algumas características para as personagens, que é um tipo de modo que eu gosto muito. Além disso, era possível jogar em times, que acabou sendo a forma mais jogada por aqui. As mudanças acabavam dando uma sobrevida ao jogo, além de dar uma sensação de frescor à série. 

Também foi na época em que eu comprava revista sobre games, e SFZ3 foi um dos tópicos que mais persegui em revistas. Cheguei a comprar SuperGamePower sobre o jogo [revista que eu não gostava]. Aliás, comprei a Dragão Brasil quando publicaram sobre SFZ3, quando o 3D&T tinha acabado de ser criado, o que acabou gerando o início de um boom de RPG em minha cidade, mas essa é outra história...

SFZ3 também foi um dos primeiros jogos [pirata] que comprei. Era 1999 quando ganhei meu PS1, já que não consegui um Neo Geo. Fomos, meu pai e eu, comprar o console nos camelôs em São José do Rio Preto, a "metrópole" próxima. Três jogos por R$20,00. Meu plano era pegar KoF97, SFZ3 e FF7, mas descobri que era três discos por R$20,00, e não três jogos. Então no lugar de FF7 peguei Legaia. Mas eu iria extorquir meu pai e pegar FF7. O problema é que saímos de lá sem o PS1, e sem o FF7. Meu pai entrou em divergência com o camelô. Como bom morador de vilinha, meu pai queria pagar com cheque, e o camelô só aceitaria cheque cobrando [bem] mais caro. Resultado, voltamos pra casa com três jogos e sem console. Meu pai acabou comprando o PS1 com um cara que fazia viagens para o Paraguai. Só tive que esperar mais uns 10 dias.

Como entre o pessoal que jogava os contras nessa época eu fui o primeiro a ter um PS1, a minha casa se tornou o point. Curioso como tanta gente se espremia em um pequeno espaço para jogar numa TV pequena. Depois de se acostumar com as TVs atuais grandes, aquilo que fazíamos parece uma loucura...

Sempre gostei dessas caixinhas. Uma pena que as versões ocidentais não usaram elas...
SFZ3 ainda foi jogado por muito tempo por aqui, mas depois eu meio que perdi a graça na série Zero. Acho que teria me interessado mais se tivesse um port de SF3, apesar de não ter console decente para isso na época. No fim das contas os jogos da SNK sempre me atraíram mais.

Quando comecei a colecionar jogos originais, SFZ3 também foi uma de minhas primeiras aquisições. Achei por um preço muito bom e não tive dúvidas. Aliás, gosto bastante dessa primeira "versão" de caixinha de CD dos jogos de PS1 japoneses.

E não poderia deixar de mencionar a histeria coletiva que SFZ3 causou por aqui. Como o jogo tinha compatibilidade com o PocketStation, acessório desconhecido da maioria, o pessoal aqui começou uma caça para consegui-lo. Claro que nunca ninguém chegou perto de um, até porque ele nunca foi lançado fora do Japão. Só não sabíamos disso...

8 comentários:

  1. Excelente dark. Muita nostalgia esse jogo.. até hoje eu tenho uma SuperGamePower que fala sobre o jogo (uma que tem capa dupla com Tomb Raider), tive que colocar até papel contact na capa pois tava detonada depois que passar por tantas mãos.
    Achei curioso você falar sobre o Zero3 não ter o mesmo charme do Zero2, pois eu me sinto exatamente da mesma forma quanto ao Real Bout 2, pra mim ele não tem a mesma pegada do Special, também não sei explicar, acho o RBS muito mais atraente, é como se no 2 tivessem regredido.
    Mas voltando ao Zero 3, eu nunca tive PS1, mas isso não me impediu que jogasse demais na casa de amigos, e as vezes pegando o vg emprestado. Eu tive um Saturn, então pude curtir bastante vários jogos de luta com ótimas conversões, porém infelizmente ele não durou o suficiente para ter pelo menos um KOF98... até teve o Zero 3 mas na época o Saturn já estava tão em baixa que não consegui encontrar o jogo (pirata mesmo) em lugar algum.

    Realmente Capcom e SNK tiraram leite de pedra em algumas conversões, onde para mim SFZ3 e KOF98 foram as melhores no PS1. A versão de Zero 3 não tinha do que reclamar, a perda de quadros não era tão perceptível quanto outros jogos e havia muitos modos extras, personagens pra liberar...
    Gosto muito dos 3 jogos da série, ainda pretendo comprá-los originais, não sei se do PS1 mesmo ou do Saturn (por serem mais próximas ao arcade).

    Shin Garou

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    1. O RB2 eu não joguei muito. Teve um arcade aqui por um curto período, e eu só joguei algumas fichas. Quando eu penso em RB2 eu sinto que "alguma coisa poderia ser diferente". Não sei. Acho o RB1 muito bacana. RB1 tem u clima meio "old school" que eu gosto. O RBS já é lindo, muito bem trabalhado. Perdeu aquele clima de "old school", mas é o mais atraente mesmo. Aliás, adoro ver combos da série RB.

      Da série Zero, se você não quiser ter os três soltos, a compilação do PS2 é uma boa pedida. Se fizer questão de pegar separado, acho que pelo menos o Zero 3 é melhor pegar do PS1.

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  2. Dark, seu Zero3 parece novinho, comprou ele lacrado? Comprou aonde??

    Shin Garou

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    1. Lacrado não. Mas ele tá novinho mesmo. Quase intacto. Eu sou meio chato com os jogos que eu compro, se a grana permite, tento pegar o mais novo possível.

      Esse eu comprei de um cara no Mercado Livre mesmo. Incrível, porque no ML costuma só ter preço bizarro e material não tão bom. Dei sorte.

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    2. Eu não resisti e comprei os 3 do PS1. Apesar do cheiro de mofo, estão em ótimas condições. Versões Jp claro, porque as versões US são tenebrosas... encarte feio, manual em preto e branco...
      Fora as cases, realmente essas japoneses são muito bonitas.

      ShinGarou

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    3. Hahaha. Boa!

      Eu tenho os três de PS1 também, e a coletânea de PS2. Ficam bacanas na coleção.

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  3. Quero pegar a coletânea do PS2 também, mas quero o japonês, acho a versão americana feia demais, além de diferente ingame. Por ex. na hora de selecionar os jogos, usaram imagens diferentes da versão JP. No Alpha 2 Gold, usaram a imagem da coletânea SF Collection (do PS1), onde aparecem Fei Long, Dee Jay... que obviamente não aparecem no jogo.... tosqueira pura.
    Além disso a versão JP tem um movelist que pode ser acesso durante o pause.

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    1. Eu, na verdade, queria uma versão com o texto em inglês. Não costumo pegar jogos de luta em versões americanas, mas este eu acabei pegando.

      E nem ligo muito da imagem trocada. Esta do A2Gold mesmo eu gosto muito, mesmo sendo de outro jogo.

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