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"black label" e "greatest hits" lado a lado |
De volta a 2004, num dia 12 de junho, sábado chuvoso, foi quando ganhei meu PS2 [sim, não tinha renda na época, quem bancava as contas era meu pai].
Depois de um ano meio deprê, com algumas dificuldades, fui com meu pai, num Fusca todo ferrado, até Rio Preto [uma vez que aqui em minha cidade não tem nada], visitar o shopping azul [aka os camelôs].
Na época, a galera ainda se reunia constantemente para jogar, e o PS1 ia quebrando o galho, já que PS2 ainda não era uma realidade entre o pessoal. Comprar um PS2 era a aspiração de todos, mas ainda muito caro para nossos padrões.
E, naquele sábado, era o meu dia.
Depois de rodar as bancas dos camelôs até encontrar bom preço e vendedor confiável, decidimos onde comprar.
900 conto. Console, dois controles, três jogos.
Uma das minhas escolhas, Silent Hill 2.
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curioso que quem estampe a capa seja a Angela, e não o protagonista, James |
Eu gosto de histórias de suspense. Gosto de coisas bizarras. Gosto de climas sombrios.
Já era curioso por Silent Hill desde o primeiro, que não tinha jogado na época, mas que tinha acompanhado um de meus amigos, o Anderson, jogar.
Também tinha ouvido um outro amigo, Ivan, falar muito bem do jogo [e, se a memória não me engana, até tinha me mostrado uma parte do jogo].
Sem contar revistas informativas que sempre falavam bem do jogo.
Era muita vontade de chegar logo em casa e jogar.
Em casa, instalei o PS2 no meu quarto, coloquei o DVD do Silent Hill no leitor, e... não lia.
Desliguei, religuei, refiz tudo, desconectei os cabos, etc... nada.
Frustração e desespero! Meu pai tinha gasto uma grana alta que não estava sobrando pra me agradar, e o console não funciona?
Engoli seco e fui com cara de tristeza falar pro meu pai me levar de volta a Rio Preto, pra tentar resolver o problema.
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James não estampa a capa, mas estampa o disco |
Chegando lá, o camelô estava já guardando as mercadorias para desmontar a barraca. Já era tarde, e, costumeiramente, o comércio não passava das 3 da tarde aos sábados.
O camelô foi bacana. Disse que não tinha mais estoque de PS2, porque tinha vendido tudo, mas que me emprestaria o dele até trazer outro na semana seguinte.
Ficamos esperando ele ir buscar o PS2, apreensivos, é verdade.
Quando o cara chegou, me entregou o PS2 dele e disse que tinha testado o console que tinha me vendido, e que, de fato, não estava lendo jogos deitado, mas que em pé lia. Disse que era pra eu voltar na quinta seguinte, que ele teria mais PS2.
A troca por fim deu certo.
... só não falei pra ninguém que eu tinha deixado o console tomar uma pancada sem querer, o que provavelmente causou o mal funcionamento.
Fim do drama, pude me deliciar com Silent Hill 2.
Na época, estava fazendo aulas de inglês, e já deu pra acompanhar a história certinho. Talvez o primeiro jogo que eu tenha feito isso.
Cheguei até comentar com o Ivan que, graças ao gosto por Silent Hill, acabei me familiarizando com vocabulários não tão comuns, enquanto algumas coisas mais triviais eu não sabia.
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Quer jogar com a Maria? Esta é a versão que você procura. |
A versão original do jogo eu só comprei anos mais tarde, 2007, se não me falha a memória.
Tentei achar em lojas por aqui, já que já tinha conseguido comprar o Silent Hill 3 a um bom preço. Tentei encomendar com um vendedor de jogos que trazia jogos originais importados em Rio Preto. Tentei achar em lojas gringas.
Mas não é fácil encontrar um jogo novo tantos anos após seu lançamento.
Acabei pegando no Mercado Livre mesmo.
O problema é que não encontrava na época a versão Greatest Hits.
Diferentemente das versões "Greatest Hits" dos outros jogos, a do Silent Hill 2 de PS2 traz extras em relação à versão "Black Label".
A versão Silent Hill 2 Greatest Hits do PS2 é baseada na versão Restless Dream [nome da versão americana] de Silent Hill 2, lançada para XBox e PC.
Nesta versão é possível jogar um modo curto com a Maria, que dá um toque a mais à história, além do final ET.
Esse modo de jogo com a Maria é muito bem feito, apesar de curtinho, e casa bem com o resto do jogo.
Encontrar a versão Greatest Hits passou a ser, então, uma obsessão.
Só consegui esta versão nas "terras mágicas" do eBay.
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final ET, um extra que certamente vale a pena |
Silent Hill 2, como jogo, é fantástico.
Dificilmente vou gostar de outro jogo como gosto deste, e, infelizmente, dificilmente a série terá outro jogo tão bom quanto este.
Ótima história, com um clima fantástico!
O jogo como um todo foi muito bem trabalhado. Cada pixel na tela foi planejado para contar a história. Alegorias e metáforas, com personagens que deixam este conto mais interessante. Detalhes espalhados por todo o jogo. Cenas memoráveis. "Inimigo" épico.
Pyramid Head se tornou um clássico [infelizmente, graças ao sucesso, começaram a usar a personagem em outros lugares, a descaracterizando]!
Com uma trilha sonora soberba, Silent Hill 2 consegue deixar o jogador tenso o tempo todo, além de o transportar para dentro das cenas da história.
Jogar Silent Hill no escuro e em silêncio é a melhor forma de aproveitar esta inserção no jogo.
Em Silent Hill 2, um jogo que não é difícil, e não tem grandes surpresas de inimigos que possam oferecer perigo ao jogador, a trilha sonora chegar a enganar completamente em alguns momentos, como quando se vai atravessar o relógio. Há momento também em que gritos surgem do nada.
Akira Yamaoka fez um trabalho de gênio!
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In my restless dreams, I see taht town. Silnt Hill. |
O gráfico do jogo, eu considero muito bom. Não é a primazia da perfeição, mas, principalmente para um jogo de 2001, é muito bom. E até hoje me agrada.
Por fim, Silent Hill 2 é um jogo fantástico! Obrigatório, na minha opinião. Um clássico do terror psicológico.
Aquela cena da Angela no hotel... pura arte!
P.S.: Havia um site simplesmente fodástico sobre Silent Hill entre 2005 e 2006. Tinha tantas informações, traduções das publicações japonesas, trilhas sonoras, vídeos, materiais extras, material detalhado das referências usadas pelos produtores, entrevistas, etc...
Mas sumiu o site. Muito triste. Era uma coletânea maravilhosa de material da série.