Não parece, mas é o Ryu... |
Street Fighter EX talvez seja o jogo que mais gerou contras entre a galera por aqui.
Foi uma coisa inusitada.
Eu sempre preferi jogos da SNK, e o pessoal do meu bairro jogava mais Mortal Kombat que Street Fighter. No entanto entre o pessoal da minha turma, nesta época, jogos da SNK não eram populares. Eles jogavam bastante Tekken também. Nesse ponto, acredito, o jogo que mais reunia a galera para contras era Tekken 2.
Acho que o lance de ser um jogo poligonal fisgou alguns.
Street Fighter Zero 2 tinha seus contras, mas Tekken 2 já o tinha superado. Os jogos da SNK só eram jogados por mim e alguns amigos do bairro ou da escola. Mortal Kombat tinha ficado para trás, ninguém mais queria jogar contras no SNES.
Os contras estavam segmentados.
Foi quando chegou Street Fighter EX Plus Alpha.
O jogo acabou juntando um pouco de cada nicho. Agradava àqueles que tinham a febre do poligonal, era Street Fighter, dava para jogar no Playstation.
No começo eu torci o nariz para o jogo. Ele era feio. Sempre zoava que estávamos jogando com caixas. Mesmo para a época, acho que a modelagem poligonal poderia ter sido melhor. E, além de tudo, na época eu gostava bastante do estilo cartunesco de Street Fighter Zero.
Mas com a enorme migração do pessoal para jogar aquele novo jogo, acabei cedendo e jogando também. No final, na época, pra mim era muito melhor ver a galera jogando Street Fighter que Tekken.
O jogo acabou tendo gratas surpresas. As missões do Expert Mode mobilizaram a todos. Eu achei bem bacana um joga trazer aquilo. Era desafiador e instrutivo. Numa época sem internet e sem publicações especializadas de qualidade, numa cidadezinha de fim de mundo, aquilo acabou ajudando a trazer alguma informação útil.
Com todos dando o braço a torcer pelo jogo, os contras ferveram. Foi mais de ano ininterruptamente, de segunda à sábado, contras neste jogo. Juntando as vezes mais de dez pessoas. Tardes e mais tardes jogando.
Era uma época em que o pessoal ainda não trabalhava fixamente [não todos pelo menos]. Começamos jogando em uma locadora, tretamos com o dono, passamos para outra onde jogamos até que ela fechou, e migramos para uma terceira locadora, ainda tirando contras todos os dias.
Foram tempos divertidos. Acabamos jogando com pessoas que não costumavam jogar conosco.
O manual tem uma capa melhor que a própria capa do jogo, ainda assim melhor que da versão americana. |
Algumas pérolas também surgiram. Invencionices bizarras de histórias de personagens, confusão com nomes, etc...
Não vou lembrar de todas as merdas que foram ditas naquela época, mas algumas nunca vou esquecer. Shin Gouki e Dark Ryu foram "rebatizados" por um cara que os chamava de "IevÚ Ríu" e "IevÚ goÍcÚ". Sério, como não rir disso? Outra inesquecível era o "Indra Hashi" do Darun, que acabou virando "Pindura o Padeiro". Ainda dou risada quando lembro disso! "Soul Force" do Allen virou "truco!"... Não vou lembrar de tudo, mas além dos contras, o jogo proporcionou boas risadas.
Curioso que hoje gosto mais do jogo que na época. E gosto menos da série Zero que na época. Os combos cancelando golpes especiais em supercombos e supercombos em supercombos foram uma adição interessante, e a física do jogo é até boa. As músicas agradam, e tivemos a adição de várias personagens interessantes que trouxeram uma maior variedade para o jogo. No fim, apesar de meu preconceito inicial, é um bom jogo.
Sabe quantas vezes eu li Akira ao invés de Arika? Incontáveis... |
Depois que comecei a colecionar jogos, sempre quis este na minha coleção, só que eu sempre procurei a versão americana. Seria mais simples para as missões do Expert Mode. Mas no final das contas, a versão americana só se encontra bem mais caro que a versão japonesa, além de a versão japonesa ter melhor acabamento na caixa e manual. E, de mais a mais, se na época em que nem inglês eu sabia, eu consegui entender o que as missões pediam, não vai ser hoje que isso vai me atrapalhar.
Por fim acabei pegando esta versão japonesa muito bem conservada a preço de banana.