domingo, 5 de outubro de 2014

[PS1] Advanced Variable Geo 2

A capa destaca a protagonista da série e a novata do jogo.

Pornografia. Nos dias de hoje com internet e aparelhos eletrônicos, qualquer jovem tem fácil acesso. Nos anos 90 não era assim tão fácil para um adolecente ter acesso a pornografia... como muitas coisas nos 90, tudo dependia dos "contatos" para conseguir revistas ou fitas VHS.

Eu, como jovem pervertido que gostava de animes, não passei despercebido à Hanime. Hanime era uma revista informativa que falava sobre animes hentai [pra quem ainda não sabe, isso que dizer animações pornográficas]. Trazia informações sobre autores, série famosa, animes, mangás e fanzines, além de ilustrações. Nada que não se resolva hoje em dia com o Google, mas na época, era uma grande coisa.

Foi na Hanime tomei conhecimento da existência de VG.

Lembro que a matéria fazia alusão a confusão com a sigla VG, que muitos acreditavam se referir a Virgin Girls, quando na realidade se trata de Variable Geo. A materia falava da animação, apesar de VG ter surgido como uma série de jogos de luta. Com o sucesso de Street Fighter 2 várias séries surgiram tentando aproveitar a onda e ganhar uma grana em cima do estilo. VG não foge à regra. Roteiro óbvio, um torneio de lutas. O diferencial de VG está no fato de todas as personagens serem mulheres, e que, as derrotadas são postas em situações sexualmente "constrangedoras".

Na época, meus amigos e eu não sabiamos que a Sony, antre outras, não publicavam jogos que tivessem classificação para adultos [o "Mature" da ESRB é para maiores de 17 anos, enquanto o "Adults Only" é para maiores de 18, e estes últimos não são publicados pelas grandes empresas de console, e sexo se encaixa nesta categoria]. Por aquele época, alguns amigos estavam interessados nestes jogos hentai [que na verdade não existiam nos consoles].

Os desenhos são bem feitos, e as animações não são ruins... o pior fica por conta dos cenários.
E foi em um dia, passando pelos camelôs da cidade vizinha, que avistei uma capa que me chamou a atenção. Ao checar, era Advanced Variable Geo 2 para PS1.

Não tinha grana na hora, mas juntei uns trocos, e, num final de semana, acordei cedo, peguei um busão, comprei o jogo e voltei antes que meus pais notassem.

Logo juntamos a galera e fomos jogar...

Claro que não tinha nada de pornografia. As cenas não chegavam nem a ser um softcore, mas o jogo até que tinha seus lados bons.

História, não faço a menor ideia de qual é, já que ainda não sei ler japonês. Os gráficos são OK, pecando mais nos cenários simplesinhos que nos sprites, que até são bem feitos. Os comandos têm boa resposta e o sistema, apesar de simples, é bacana e não compromete.

No fim, nos divertimos muito jogando este jogo, que só paramos de jogar porque o cd parou de funcionar.

Anos depois, achei um japa vendendo este jogo no eBay, muito bem conservado, e por um bom preço. Não pensei duas vezes...

Garotas se estapeando? Por que não?...

domingo, 18 de maio de 2014

[SNES] Killer Instinct

C-C-C-Combo breaker!!!

O Ultra Fan Book [um livro com detalhes da produção da primeira temporada do Killer Instinct para XBox One] começa sua introdução com esta frase a respeito do primeiro KI: "há rumores de que os arcades foram enviados com o volume estourado para roubar os holofotes das outras máquinas próximas, e posso dizer em primeira mão: é verdade!".

Nunca que um arcade de Killer Instinct chegou sequer próximo da cidade onde moro. Pra falar a verdade, apenas anos depois de ter jogado Killer Instinct no SNES que descobri que existia uma versão arcade. Mesmo assim, minha primeira lembrança do jogo, em sua versão SNES, reflete bem esta questão do som do jogo.

Me lembro que o primeiro encontro que tive com o jogo foi em um sábado, numa locadora daqui. Minha família era muito pobre, mas naquela época meu pai tinha conseguido um emprego melhor, e, naquele sábado, eu tinha comido pão francês com muçarela e tomado refrigerante, o que era um enorme luxo pra mim até então, algo de ocasiões especiais. Além disso, tinha ganho uma moeda de um real. Estava todo feliz e iria gastar aquele real na locadora. Comecei a jogar Super Street Fighter 2, e logo meus amigos chegaram e começaram a jogar aquele jogo que eu nunca tinha ouvido falar, mas que tinha um som tão chamativo que ficava sobrepujando o som do jogo que eu estava jogando. Fiquei observando eles jogando. O que mais me chamou atenção certamente foi o som. Deste primeiro encontro minha impressão sobre o jogo era de que se tratava de uma espécie de clone de Mortal Kombat com um som chamativo.

Killer Instinct e seus gráfico de Donkey Kong...
Passou-se um bom tempo até que eu pudesse ter contato com o jogo novamente. Quando tive contato com o jogo novamente foi graças a forma estranha como os jogos apareciam aqui neste fim de mundo. Não sei como as pessoas conseguiam os jogos, e eles acabavam passando de mão em mão, mas, enfim, Killer Instinct chegou às minhas mãos. E desta vez pude jogá-lo, e jogá-lo com tempo.

À época, não conhecia nada da história do jogo. Aliás, só fiquei sabendo da história do jogo muito recentemente, que até é interessante. Mas quando joguei pela primeira vez, ignorava completamente a história. O que me chamou a atenção foi o design bizarro roubado da cultura pop dos anos 80/90, o "gráfico de Donkey Kong", e, principalmente, os combos.

Os americanos não tinham muita criatividade para fazer caixas de jogos. Aqui só temos informações inúteis e tendenciosas no verso da caixa...
Combos! Como gosto de combos! Não sei explicar a facinação que tenho por combos, só sei que me facinam, e Killer Instinct tinha muitos combos a oferecer.

Comecei jogando com o Cinder, escolha óbvia de quem não sabia nada sobre o sistema do jogo. O aprendizado foi longo. Sem internet e sem revistas, o jeito foi ir tentando desvendar na base da observação.

A famosa fita preta. Teria sido uma sacada legal fazer as fitas de Mortal Kombat assim.
Observando a estrutura do combo básico do Cinder e trocando alguns comandos, não foi difícil pegar o sistema de combos do jogo. Logos estava testando as combinações possíveis para todas as personagens, tendo deixado passar apenas combos começados com golpes overhead terrestres. Tinha descoberto alguns Danger Moves também.

Já quase não jogava com o Cinder mais. Fulgore era quem eu achava mais legal, além da Orchid que tinha os combos mais longos [e mostra os peitos em seu Danger Move].

O pouco de ajuda que tive foi de algumas revistas que acabaram aparecendo em lojinhas de R$1,99. Tinha um amigo que comprava algumas destas revistas, e, em uma delas vinha alguns cards com personagens de jogos de luta, e entre eles, de Killer Instinct. No verso dos cards vinhas os golpes e os Danger MovesFoi assim que descobri como jogar com o Eyedol.

Contrariando as expectativas, o manual trás muitas informações. Não possui todos os comandos, nem danger moves, mas explica bem as mecânicas do jogo.
A informação era tão escassa por aqui que demorei muito até saber que o jogo vinha com um CD da trilha sonora, sem contar que nunca tinha visto o cartucho original preto. Coisas de uma época sem informações e sem acesso em que se conseguia as coisas através de uma rede estranha de contatos.

Killer Instinct foi um jogo que gostei bastante, e que, apesar de ter jogado muito, ficou uma curta temporada comigo. Não lembro quem me arrumou, nem porque tive que devolver. E demorou muito até eu conseguir finalmente a minha cópia.

Bom, enquanto não tiver um XBox One, acho que o jeito é ir matando a vontade com os antigos.

CD lacrado ainda!
Por aqui só chegou uma cópia pirata deste CD, assim como os cartuchos, todos piratas...
Fulgore e Kirby... faz muito sentido, Nintendo...

domingo, 23 de março de 2014

[SNES] Art of Fighting

A própria capa tem uma imagem típica de filmes da "sessão kick-boxer"
Art of Fighting tinha sido arrebatador [leia aqui]. Mas eu jogava muito? Não.

Eu era um pivete maravilhado com aquele jogo, mas não tinha grana para ficar jogando em arcade, então eu mais assistia outras pessoas jogarem que jogava. Além disso, uma ficha podia durar apenas alguns instantes. Era uma frustração. Eu queria jogar muito mais do que podia.

Nesse mix de deslumbramento pelo jogo e frustração por não ter como ficar jogando, acabei descobrindo a versão de SNES "perdida" em uma locadora.

Minha cidade tem duas quermesses tradicionais por ano. Hoje em dia elas não tem nenhum atrativo mais. Mecanizaram e burocratizaram tanto, que perdeu seu charme. O pessoal vai por costume, por não ter outras coisas na cidade, mas não imagino uma criança se animando para ir em alguma destas quermesses hoje em dia. Porém, quando eu era pivete, as coisas eram diferentes.

Na época as quermesses tinham várias barracas de jogos, brinquedos e bugigangas, as vezes até com pequenos parques de diversão junto. Uma criança tinha muita coisa para se divertir, e acabava encontrando outras crianças para fazer farra. E esse era um dos raros momentos em que eu conseguia alguns trocadinhos. Minha família era muito pobre, ter um ou dois reais na mão era a realização do ano para mim, e era nessa quermesse que meu pai me dava estes um ou dois reais.

O logo da SNK nem aparece na caixa do jogo.
Numa dessas idas na quermesse, acabei indo em uma locadora que ficava bem próxima. Lembro que naquele momento a locadora estava vazia. A quermesse era bem popular na época. Eu na verdade estava matando tempo indo lá, minha cabeça estava pensando no boteco com Art of Fighting, e que aqueles dois reais dariam quatro fichas. Estava apenas esperando para voltar pra casa e ir jogar. Mas aí meus olhos se depararam com uma imagem que nunca tinha me chamado a atenção antes.

Art of Fighting. A versão de SNES.

Nunca tinha reparado que aquela caixinha estava ali. Nunca tinha me chamado a atenção. Nunca tinha visto ninguém jogar aquele jogo lá. Se não estivesse tão fissurado com o arcade, talvez nunca tivesse dado atenção pra ela. 

Resolvi então jogar ali mesmo. Quatro fichas iriam embora em poucos minutos, mas com o valor de uma ficha eu poderia jogar meia hora na locadora. Salvo as devidas proporções entre as versão, me pareceu uma barganha jogar mais por menos dinheiro.

O próprio dono da locadora estranhou eu pedir aquele jogo. Acho que ninguém nunca tinha jogado ele ali. Ele foi procurar pra ver se a fita realmente "existia". Acabei jogando meus dois reais ali mesmo.

A época em que só os japas se importavam em fazer caixas, manuais e detalhes decentes.
Lógico que o jogo tem muitas diferenças, mas já que não dava pra ficar jogando a versão de Neo Geo, a versão de SNES quebrava o galho.

Depois daquele dia aluguei a fita algumas vezes, e meu objetivo passou a ser conseguir aquela fita para mim. Quem viveu àquela época sabe que você não simplesmente comprava um jogo que você queria, mesmo pirata, principalmente se fosse pobre e morasse numa cidadezinha no fim do mundo. Foi muito trabalho, muitas trocas e muita conversa para conseguir aquele jogo.

Fulano tem o jogo, mas só troca pelo jogo XCiclano tem o jogo X, mas só troca pelo jogo YBeltrano tem o jogo Y, mas não vai com a minha cara, então não troca comigo. Fulano de Tal troca, mas tem que dar um controle também. Etc. Foram meses orquestrando e planejando trocas, procurando as pessoas certas, aguardando o momento certo, e dizendo as coisas certas. Isso sim merecia o nome de "engenharia social".

De posse da tão desejada fita, joguei muito, mas MUITO mesmo. Sozinho, com os amigos, de dia, de noite. Foram várias jogatinas, e uma progressiva descoberta de todos os golpes e especiais do jogo. Não tinha internet nem revistas, tinha que descobrir na raça, e depois ir anotando em algum lugar. Eu costumava fazer um espécie de manualDesenhava a personagem e colocava e lista dos golpes do lado. Bons tempos...

A fita que me fez "destravar" meu SNES.
Depois acabei perdendo meu SNES, e só anos depois quando comprei um novo SNES e comecei a colecionar jogos originais que resolvi comprar o jogo e tê-lo novamente. Não é a mesma coisa que a versão Neo GEO, mas traz algumas boas lembranças, e acabou sendo o primeiro jogo que comprei de SNES.

Curiosamente, para poder jogar este jogo no SNES, tive de destravá-lo. 

Acho que a maioria das pessoas nem sabe que o SNES tinha uma trava de região. Para que os jogos japoneses não rodassem no SNES, colocaram dois "pinos" plásticos do lado do encaixe da fita no console. As fitas americanas têm dois sulcos na parte de trás, próximos às laterais, para não baterem nos "pinos". As fitas japonesas não têm estes sulcos, e, dessa forma, não conseguem ser encaixadas. Nada que um alicate não resolva...

O jogo tem várias diferenças em relação à versão Neo Geo. Claro que o gráfico já era uma perda esperada. Com sprites tão grande s e zoom, além de sprites que mostravam danos nas personagens, alguma coisa teria de ser cortada. Os sprites da versão SNES são menores, e não mostram os danos como os de Neo Geo, os cenários também sofreram algumas perdas, e a própria área de ação do jogo foi reduzida, deixando as barras de life e ki em separado. Alguns comandos foram simplificados, e o jogo nem foi feito pela SNK, ficando a cargo da Takara reprogramá-lo para o SNES. Por outro lado, a versão SNES trouxe a possibilidade de jogar com Mr Big e Takuma, além de acrescentar especiais para todas as personagens, trazer um final mais elaborado, contando a história mais detalhadamente entre AoF1AoF2 e Fatal Fury, e, talvez pela simplificação, acabou tendo uma resposta melhor aos comandos que a versão Neo Geo.

Art of Fighting é um jogo que, para os padrões atuais de jogos de luta, é bem estranho. Não é fluido, tem algumas mecânicas incomuns, mas eu ainda gosto muito do jogo. Fora isso, trouxe vários detalhes e subsistemas que foram incorporados pelos jogos de luta, e hoje são coisas indispensáveis em qualquer jogo novo. Não é um jogo que mereça ser lembrado pela sua jogabilidade, mas certamente foi muito influente, e merecia ser mais lembrado.

terça-feira, 4 de março de 2014

[PS1] Street Fighter Zero 3

Não sei explicar o porque, mas pra mim SFZ3 não tem o mesmo charme que o SFZ2.

Hoje vivemos em uma época em que DLCs e games "free-to-play" são comuns. Aliás, mais que comuns, são o modelo dominante no mercado de jogos.

Pra quem joga ou acompanha o mercado de jogos há menos de 10 deve ser normal ver DLCs sendo anunciadas antes mesmo de o jogo ser lançado, ter que pagar para desbloquear um conteúdo que está no disco que você já comprou, ou mesmo baixar um jogo "free-to-play" de graça e comprar cada pedacinho dele. Mais que normal, acho que os jogadores mais novos nem imaginam um mercado de forma diferente.

Por vezes, critiquei este modelo atual, e fui severamente criticado. Sou tido como chato, rabugento, implicante, etc. Mas a verdade é que eu jogo há mais de 20 anos, e eu vi uma realidade diferente.

Se hoje em dia mal temos arcades, e, os pouco jogos para arcade podem ser portados sem perdas para os consoles, até o final da década de 90 isso não era mais que um sonho. Apenas um console tinha versões idênticas às dos arcades, o Neo Geo [verdade que o Neo Geo só tinha jogos de algumas poucas empresas]. E ter um Neo Geo não era fácil. Era um console MUITO caro com jogos MUITO caros. Fora da realidade da maioria das pessoas. Uma alternativa menos cara era o Neo Geo CD, que nem era tão acessível para o Brasil e também sofria com loading times insanos. Mesmo assim o Neo Geo CD foi um sonho meu por alguns anos, que não pude realizar [cheguei a encontrar em uma loja, mas o vendedor disse que o console não estava á venda porque a loja não iria trabalhar mais com a marca e aquele último estava programado para ser devolvido]. Como a maioria das pessoas daquela época, eu tive um Playstation.

Pra quem era fã de jogos de arcade, essa época era marcada com uma certeza: os ports não serão idênticos, as vezes, muito longe disso.

Naquela época, também, não tínhamos jogos com orçamentos hollywoodianos, o estigma de jogos serem coisa de criança era mais forte, uma produtora obscura poderia fazer um jogo tão bom quanto uma softhouse de renome, e havia, por assim dizer, mais concorrência [ou pelo menos mais variedade].

Nada de DLC. Extras, extras e mais extras.

Principalmente quando o assunto era jogos de luta, vivíamos uma disputa ferrenha entre SNK e Capcom pelo público. Ter um port aceitável [uma vez que perfeito era impossível] não bastava. Para ganhar o público todo tipo de conteúdo extra que pudesse ser um atrativo era acrescentado. Personagens, cenários, modos, ilustrações, mini-games, etc. Isso mesmo. Você não tinha que comprar algo que já estava no disco, nem precisava comprar o jogo por pedaços [com um total maior que o preço de um jogo padrão]. Todos estes extras eram adicionados para tentar ganhar o consumidor [e não para tentar ganhar mais dinheiro dele].

Quando vejo alguém achando a coisa mais linda do mundo pagar por roupas extras, cores extras, personagens extras, cenários extras, eu me pergunto o que aconteceu com aquela postura dos anos 90.

Lógico que a postura do consumidor ajuda a moldar a atitude das empresas. E se a maioria dos consumidores acha justo pagar por conteúdos que deveriam ser de graça, as empresas vão continuar adotando esta estratégia.

Infelizmente aquela sensação de descobrir os extras do jogo meio que morreu. Agora você tem de comprar...

Um dos jogos que surgiu bem no auge daquela disputa entre SNK e Capcom foi Street Fighter Zero 3.

O pobre PS1 não iria rodar o jogo lisinho. 

A Capcom então, em vista dos esforços da SNK em seus ports [convenhamos, a SNK fez a Capcom uma empresa melhor], resolveu compensar o port com extras. Mais personagens, mais cenários, mais modos de jogo.

Uma ideia feliz da Capcom que atualmente anda tendo muitas ideias infelizes.

Street Fighter Zero 3 foi um dos jogos que mais joguei. Sempre achei que o Street Fighter Zero 2 tinha um charme que o Zero 3 não conseguiu reproduzir, mas na época ainda gostava muito da série Zero, e meus amigos sempre gostaram muito de Street Fighter. A Capcom fez algumas mudanças aproveitando o ponto forte do PS1 e driblando os pontos fracos. Adicionou personagens clássicas, colocou mais modos de jogo, inclusive o World Tour, que permitia editar algumas características para as personagens, que é um tipo de modo que eu gosto muito. Além disso, era possível jogar em times, que acabou sendo a forma mais jogada por aqui. As mudanças acabavam dando uma sobrevida ao jogo, além de dar uma sensação de frescor à série. 

Também foi na época em que eu comprava revista sobre games, e SFZ3 foi um dos tópicos que mais persegui em revistas. Cheguei a comprar SuperGamePower sobre o jogo [revista que eu não gostava]. Aliás, comprei a Dragão Brasil quando publicaram sobre SFZ3, quando o 3D&T tinha acabado de ser criado, o que acabou gerando o início de um boom de RPG em minha cidade, mas essa é outra história...

SFZ3 também foi um dos primeiros jogos [pirata] que comprei. Era 1999 quando ganhei meu PS1, já que não consegui um Neo Geo. Fomos, meu pai e eu, comprar o console nos camelôs em São José do Rio Preto, a "metrópole" próxima. Três jogos por R$20,00. Meu plano era pegar KoF97, SFZ3 e FF7, mas descobri que era três discos por R$20,00, e não três jogos. Então no lugar de FF7 peguei Legaia. Mas eu iria extorquir meu pai e pegar FF7. O problema é que saímos de lá sem o PS1, e sem o FF7. Meu pai entrou em divergência com o camelô. Como bom morador de vilinha, meu pai queria pagar com cheque, e o camelô só aceitaria cheque cobrando [bem] mais caro. Resultado, voltamos pra casa com três jogos e sem console. Meu pai acabou comprando o PS1 com um cara que fazia viagens para o Paraguai. Só tive que esperar mais uns 10 dias.

Como entre o pessoal que jogava os contras nessa época eu fui o primeiro a ter um PS1, a minha casa se tornou o point. Curioso como tanta gente se espremia em um pequeno espaço para jogar numa TV pequena. Depois de se acostumar com as TVs atuais grandes, aquilo que fazíamos parece uma loucura...

Sempre gostei dessas caixinhas. Uma pena que as versões ocidentais não usaram elas...
SFZ3 ainda foi jogado por muito tempo por aqui, mas depois eu meio que perdi a graça na série Zero. Acho que teria me interessado mais se tivesse um port de SF3, apesar de não ter console decente para isso na época. No fim das contas os jogos da SNK sempre me atraíram mais.

Quando comecei a colecionar jogos originais, SFZ3 também foi uma de minhas primeiras aquisições. Achei por um preço muito bom e não tive dúvidas. Aliás, gosto bastante dessa primeira "versão" de caixinha de CD dos jogos de PS1 japoneses.

E não poderia deixar de mencionar a histeria coletiva que SFZ3 causou por aqui. Como o jogo tinha compatibilidade com o PocketStation, acessório desconhecido da maioria, o pessoal aqui começou uma caça para consegui-lo. Claro que nunca ninguém chegou perto de um, até porque ele nunca foi lançado fora do Japão. Só não sabíamos disso...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

[PS4] Assassin's Creed IV: Black Flag - Limited Edition

A câmera está um porcaria, então as fotos acabaram ficando não muito nítidas.


Esta é a edição limitada do jogo Assassin's Creed IV: Black Flag para Playstation 4.

Não, não tenho um PS4 ainda, também não comprarei um este ano. O que pode levar à pergunta: "Por que, então, comprar um jogo de um console que você não tem e não poderá jogar por um bom tempo ainda?"

Bom, tenho comprado alguns jogos antes dos respectivos consoles nos últimos anos, basicamente para aproveitar oportunidades boas.

Eu não costumo comprar consoles logo quando saem. Um dos motivos é dinheiro. Morando no Brasil sai caro comprar consoles logo no seu lançamento. Costumeiramente espero por promoções para pagar preços mais "realistas" por eles. Nem o PS3, que foi o único console que eu desejava muito e tinha condições de comprar no lançamento, eu comprei. Além disso, no começo da geração não costuma ter muitos jogos.

Outro motivo importante para não comprar consoles logo no lançamento, principalmente agora, com componentes "mais sensíveis", é que costumam surgir problemas inesperados entre os primeiros modelos [3RL, por exemplo]. Além de tudo moro em um lugar quente pra caralho e que tem muito pó. É mais seguro esperar por modelos já melhorados que sejam mais resistentes.


O que isso tem a ver com o jogo? Bom, nem sempre os jogos ficam muito tempo em catálogo, e, pode ser que quando eu tiver um PS4, o jogo já não esteja mais em catálogo. Assim, eu teria de comprar usado, por exemplo, o que eu prefiro não fazer.


Além disso, eu que gosto de ter cópias físicas dos jogos, não gosto do círculo vicioso que se formou com jogos. 

Quando os consoles passaram a ter a opção de se comprar cópias digitais, os preços dos mesmos seguiram os preços das cópias físicas, pra não criar atritos com lojistas [eles ainda precisam das lojas físicas, afinal, nem todos tem conexão à internet, ou as vezes tem, mas a conexão torna a prática de baixar jogos grandes inviável, etc...]. Portanto, temos uma cópia digital custando o mesmo que uma cópia física

A cópia física, entre outras coisas, tem embutida em seu preço o custo pela produção da mídia, caixinha, encarte, distribuição, lucro do lojista, etc. Custo que as cópias digitais também cobram, para não haver atrito com os lojistas. Porém, agora alguns jogos acabaram se "apropriando da desculpa das cópias digitais" para fazerem jogos com caixinhas ruins, sem manual ou encarte. Deixou de ser necessário. Não gosto desta prática. Gosto de manuais bem trabalhados, e todo extra que seja possível.


Pra mim que acompanhei jogos de vídeo game numa época em que as empresas tentavam agradar o jogador colocando o maior volume de conteúdo extra possível, viver em uma época em que temos de comprar os pedaços do jogo depois de ter comprado o jogo, é irritante.


Por isso eu gosto de edições limitadas e de colecionador. Eu gosto de ter artbooks, miniaturas, e qualquer bobagem extra possível. Eu sinto que meu dinheiro foi bem gasto.

Sinto que as empresas perceberam isso, que há uma parte dos consumidores que gostam de colecionar jogos e que estas edições de colecionador podem chamar a atenção de alguns que talvez não se interessassem pelo jogo, agregando valor ao produto. Tanto que nos últimos anos vimos essa prática, que era rara, se tornam uma prática comum.

Sempre que possível compro a edição de colecionador. E é por isso que comprei esta, mesmo sem ter um PS4.

Possivelmente conseguiria achar o jogo daqui um ou até dois anos, mas as edições de colecionador, principalmente quando são de algum jogo popular, costumam se esgotar rápido, e o preço disparar no "mercado cinza". Portanto, quando acho à preços "factíveis" e condições favoráveis, costumo não deixar passar a oportunidade.




A caixa toda não é muito grande e as inscrições vem num plástico ao redor da caixa, ou seja, é a mesma caixa para os diferentes consoles, só muda o plástico externo.




Esta é a frente da caixa sem o plástico externo.




O verso da caixa, sem o plástico externo, apenas com a arte.




Dentro apenas os itens embalados. Nada de isopor ou algo mais ocupando espaço.




A miniatura vem desmontada e separada em pedaços. Um boa ideia para economizar espaço. Diferentemente de outras miniaturas do tipo, esta vem com algumas pequenas instruções de como montar.




Esta é a caixa onde vêm o jogo, o artbook e bandeira. Tudo vem bem encaixadinho.




A bandeira, que vem dobrada dentro de um plástico e é, de fato, uma bandeira.

Eu pensava que seria algo menor, mais simples, mas é uma bandeira em proporções reais, pronta pra se hastear em algum mastro.

Devo confessar que preferiria que viesse uma bandeira menor e simulando os rasgos e desgastes de uma bandeira pirata.




O artbook é do tamanho de uma caixa de DVD. Capa dura, boa encadernação e acabamento.




O artbook na verdade é composto apenas de artes conceituais, em geral, de cenários do jogo. Acho que poderiam ter mais artes das personagens, e não só artes conceituais.




O jogo e o CD da trilha sonora vêm numa caixa metálica. Na frente temos esta arte do protagonista.




No verso da caixa metálica, o símbolo do jogo.




Esta é a caixa aberta. Um pequeno encarte, o jogo e o CD da trilha sonora.

Não sei se prefiro estas caixas metálicas ou as caixas regulares dos jogos. Dá um diferencial a caixa metálica, e, de certa forma, é meio que uma forma de mostrar que de fato você tem uma edição limitada, mas gosto da harmonia que as caixa regulares fazem quando estão expostas em conjunto...




Esta é a miniatura montada. 

Ela é bem trabalhada e firme, apesar de que o apoio não fica tão bem em superfícies não regulares.

Ela montada fica bem alta.

A miniatura da corda é muito bem feita, trançada, simulando uma corda real. O único empecilho é que você tem que amarrá-la, o que me deu um certo trabalho até achar a forma ideal [e não tem nada ensinando como dar o nó].

A espada é flexível, o que pode ajudar em caso de acidentes, e tem um detalhe interessante pra ficar presa na mão [uma das partes dobra e encaixa na base do cabo.





Por fim, é uma edição bacana, e vale a pena para quem é fã da serie, ou vai comprar o jogo e gosta de miniaturas e colecionáveis.

Sobre o jogo em si, não joguei ainda, não dá pra opinar. Fica pra próxima...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

[Neo Geo] The King of Fighters 94

Nunca fui muito fã desta ilustração da capa, mas essa era a nova proposta: 3 vs 3
Depois que a primeira MVS chegou em terras nevenses no boteco do quarteirão onde moro, a área se converteu em território de jogos da SNK.

Enquanto o resto da cidade desconhecia a existência da empresa, aqui nas redondezas, subitamente, SNK virou uma febre. 

Com o sucesso que aquela MVS fez, o dono do boteco logo pensou em expandir o cantinho dos jogos e trazer máquinas novas. Mas claro que ele era um puta de um leigo que não entendia de nada, e quase meteu os pês pelas mãos.

Aquela MVS com Art of Fighting, Fatal Fury 2, Samurai Shodown e World Heroes foi trocada por uma com Super Sidekicks.

Isso mesmo. Saiu a máquina de maior sucesso para colocarem um jogo de futebol.

Não que as pessoas não gostassem de futebol. Pelo contrário, todos ali gostavam, inclusive eu, mas sem chances deste jogo chamar tanto a atenção do pessoal como os jogos de luta, e não se tira a máquina mais rentável para colocar uma aposta.

O movimento acabou caindo, porque ninguém se desesperava pra jogar Super Sidekicks. De vez em quando alguém jogava, mas só.

Personagens novo e antigos nesses enorme crossover.

Quando viu que tinha feito um mal negócio, o dono do boteco resolveu trazer de volta algum jogo de luta. Com isso, juntamente com o Super Sidekicks,  tínhamos agora uma máquina de Mortal Kombat, o primeiro.

O pessoal da área gostava de MK, mas praticamente todos que tinham um SNES tinham MK2. Todos já estavam habituados a jogar muito MK2, portanto, aquela máquina de MK1 era uma espécie de retrocesso. O jogo foi mais jogado que Super Sidekicks, mas não virou nenhuma febre.

Foi somente a nova tentativa do dono do boteco que surtiu o efeito desejado: trocar Super Sidekicks por The King of Fighters 94.

Era a segunda vez que um jogo da SNK causava uma febre entre aqueles jogadores.

KoF94 foi um choque.

SNK esperta já padronizando os encartes para as versões AES e CD.

Até hoje me lembro da sensação de ver o jogo pela primeira vez. O impacto da diferença gráfica foi enorme.

O jogo era lindo, cheio de animações, cores, efeitos, com uma trilha muito boa, e, além disso, tinha as personagens dos jogos que nós tanto gostávamos.

Não tinha como comparar a qualidade gráfica daquele jogo com portes de SNES de outros jogos que jogávamos.

A barra de ki, esquiva, os trios, os detalhes dos golpes e dos cenários, encontrar outras personagens conhecidas escondidas nos cenários, redescobrir os golpes, etc.

Estávamos maravilhados com este novo mundo. A velha euforia voltou. O assunto era só esse.

Todos estavam tão doidos pelo jogo que, mesmo quando o controle estava em estado deplorável, continuaram a jogar.

Nesta época foi quando eu comecei a procurar revistas de vídeo game. Não propriamente em bancas. As lojinhas de R$1,99 estavam em alta, e costumavam aparecer alguma coisa relacionada a games, possivelmente material que não vendeu todo nas bancas e depois de recolhido foi vendido à preços menores para estas lojinhas. Também foi quando comecei a procurar por amigos que tinham revistas relacionadas. Eu queria encontrar informações sobre KoF94.

Há 20 anos nascia uma das franquias mais amadas dos games.

Me lembro de uma revista inteira sobre KoF94, em que o editor era o Sérgio Peixoto [quem acompanhou mangás e animes nos anos 90 sabe muito bem quem é o sujeito]. Aquela revista falava tanto absurdo, mas tanto absurdo! Incrível como algo do tipo pode ser publicado. Basicamente eram uma página por personagem, com uma ilustração não oficial [e ruim], com dois ou três comandos de golpes, e a história da personagem. Totalmente furada, tanto a história, quanto os golpes. Além de uma seção sobre o sistema de jogo e a história geral, tudo muito ruim também.

Não encontrei outras publicações sobre o jogo, e fiquei muito triste por não sair porte para consoles do jogo [claro que só saíram para o Neo Geo AES e CD], o que só veio a acontecer no PS2. Foi aquela revista que matou minhas esperanças, "se você espera jogar KoF94 no seu Super Nintendo ou Mega Drive, esquece!".

Acabei aprendendo alguns dos DMs com dois caras que vendiam doces e bugigangas para bares. Eles costumavam jogar quando vinham trazer mercadoria, e, numa das vezes vi os caras jogando e executando os golpes especiais e fiquei observando as mãos deles [era tímido demais para perguntar abertamente pra eles].

O jogo continuou até a máquina ficar em estado que não era mais possível jogar. Ninguém dava manutenção, e, por fim, a máquina foi retirada.

Inacessível na época, só dava pra jogar no arcade

Sem sombra de dúvidas foi uma época das mais marcantes em minha vida como gamer.

domingo, 8 de dezembro de 2013

[3DS] The Legend of Zelda: A Link Between Worlds

A bela capa do jogo
Assim que as primeiras imagens e trailers do jogo The Legend of Zelda: A Link Between Worlds surgiu, pela minha relação com o Link to the Past [leia post aqui], a reação foi instintiva: PRECISO DESSA PORRA!

Confesso que na década de 90 não gostava de portáteis. Carregar portáteis por aí, tendo que gastar pilhas e mais pilhas para jogar jogos com gráficos muito piores que dos consoles não me chamava a atenção. Quando eu parava para jogar era em algum lugar que tinha console. Eu não fazia viagens, nem ficava parado no trânsito para que o portátil tivesse alguma vantagem. Não havia nenhum atrativo para mim.

Essa relação com portáteis começou a mudar por causa do Neo Geo Pocket

Eu precisava ter um Neo Geo Pocket! Não tinha conseguido ter um Neo Geo, então o Neo Geo Pocket se tornou uma obsessão.

Também não consegui ter um Neo Geo Pocket na década de 90, mas minha obsessão por ele tirou um pouco do preconceito que eu tinha por portáteis.

Depois disso, em 99, Pokémon chegou em terras nevenses.

Pokémon foi uma febre aqui, assim como em todos os outros lugares, e, apesar de todos jogarem em emuladores, era um jogo de Game Boy. Depois disso, em 2001, foi a vez de The Legendo o Zelda: Oracle of Season e Oracle of Ages, que também joguei em emulador

Já não tinha mais preconceitos com portáteis

O que acabou coincidindo com a chegada de portáteis que podiam rodar gráficos melhores e jogos mais complexos, e também com uma fase de minha vida em que eu gastava um tempo considerável pegando busão para a faculdade ou para trabalhar. Fato é que hoje em dia portáteis são indispensáveis para mim.

Era questão de tempo até que eu comprasse o Nintendo 3DS. Feliz ou infelizmente, gosto bastante de algumas franquias da Nintendo...

Quando vi as primeiras imagens e vídeos do Link Between Worlds, quando o jogo nem tinha nome ainda [aliado ao fato de que Pokémon X e Y seriam lançados também], a conclusão foi inevitável: preciso comprar um 3DS.

Com alguns meses antes do lançamento, pude pesquisar promoções e comprar meu 3DS por um preço muito bom e aguardar o lançamento do jogo.

A princípio, achei que o jogo seria um remake do Link to the Past em 3D, que foi o que mais me chamou a atenção. Porém, conforme mais informações foram sendo liberadas, diferenças foram surgindo.

Já esperava que o jogo trouxesse mais coisas que o Link to the Past. Mas já próximo ao lançamento do jogo, não era certeza se eram mais coisas, ou simplesmente coisas diferentes.

Chegou então o dia 22 de novembro. Comprei meu Zelda. Bora jogar.

A primeira coisa a se notar é que há mais cutscenes. O que era o esperado. Com o hardware do 3DS mais cenas seriam acrescentadas ajudando a contar a história. E de fato o começo do jogo tenta ser algo mais natural, com uma sequência de eventos que não fosse tão rápida na mudança no Link de "Zé Ninguém" a "Herói". Essa primeira mudança me agradou, ou pelo menos me pareceu mais coerente. No entanto, logo no começo do jogo outras coisas me desagradaram...

O gráfico do jogo não é o que eu esperava. Aliás, o 3DS tinha potencial para muito mais. Quando se está jogando com a visão de cima [o que é a maior parte do jogo], o gráfico é agradável. Mas quando se muda o ângulo ou há alguma cutscene... MUITO RUIM. Por que não fazer como Pokémon, por exemplo, nas cutscenes usar modelos próprios e não os que andam no mapa do jogo? E, por que não caprichar um pouco mais na modelagem das personagens?

Não reclamo do gráfico por achar que seja o mais importante. Aliás, ainda gosto muito de certos jogos de Atari 2600. Mas quando olhamos para Link to the Past, notamos que a Nintendo fez um trabalho caprichado, produziu um jogo bonito, rico em detalhes, que não tinha coisas que destoavam, e que me passavam a sensação de que a Nintendo se empenhou em fazer o melhor possível. Quando olho para Link Between Worlds o que me vem a mente é o que poderia ser e não é.

Mudanças também nas músicas. O que também era esperado. Mas eu esperava que fossem outras versões das mesmas músicas, mas enquanto algumas se mantiveram, colocaram também outras músicas que, para mim, em nada combinam com a atmosfera do jogo. Simplesmente não entendi qual foi a da Nintendo nessa.

E, claro, mudanças em objetos, dungeons, etc. Esse tipo de mudança é aquela feita para dar um ar novo ao jogo, para aqueles que já jogaram o antigo e não queriam rejogar a mesma coisa. Até entendo este posicionamento da empresa, já que o objetivo é vender mais, e que podemos ter mudanças sem perder a essência do jogo, como o remake de Resident Evil para GameCube/Wii. Mas neste caso, para quem jogo Link to the Past, como Hyrule é basicamente idêntica, fica inevitável fazer comparações nas mudanças...

As mudanças em relação ao Link to the Past deixaram o jogo mais "longo". Fiquei com a sensação de que leva mais tempo para se fazer as coisas, parte por conta das cutscenes, parte pelos diálogos e coisas que se tem que fazer no jogo mesmo. Deixar o jogo mais longo não é algo ruim. Acabar rápido demais seria, sim, um problema.

Além de deixar o jogo mais longo, a Nintendo encheu o jogo de minigames. Não achei muita graça em nenhum dos minigames, o que é um ponto negativo. Quando os minigames são legais, você acaba jogando bastante eles. Quando são chatos, você os deixa de lado. Mas quando não acha graça, mas tem de fazer mesmo assim para pegar um item... é um ponto negativo.

A Nintendo também acrescentou algumas sidequests, que apesar de interessantes, não recompensam o jogador. Isso foi algo que me irritou no jogo. A recompensa pela exploração é muito pouca! Tiraram alguns tipos de locais escondidos, e as coisas secretas que sobraram basicamente são rupees. E você não precisa de tanto dinheiro assim no jogo. Sem fazer nada de mais você já consegue muito mais dinheiro do que precisa. Poderiam ter alguns itens escondidos, ou coisa do tipo.

Sobre os itens, apesar de acrescentar mais itens que em Link to the Past, a maioria serve para fazer apenas uma determinada coisa no jogo e mais nada. Quanta possibilidade desperdiçada pela falta de criatividade dos produtores! Dava pra ter enchido o jogo de coisas legais, que prolongaria a vida útil do jogo e a diversão, além de recompensar a exploração.

O cúmulo do desperdício de oportunidade fica por conta da habilidade de virar uma pintura e se mover pelas paredes, que é a principal mudança do jogo em relação ao Link to The Past. Quanta coisa poderia ser feita com isso! Mais ainda, quando, já mais à frente no jogo, se encontra o Stamina Scroll, que possibilita usar a habilidade de andar pela parede por mais tempo, e eu pensei que isso seria usado para chegar a locais escondidos por Hyrule e Lorule que não era possível antes, vejo que a única coisa extra que se consegue desta forma é um baú com, adivinhem, rupees! Porra, Nintendo! Olha a oportunidade de fazer coisas legais!

E por falar em Lorule, não temos um "Dark World" em Link Between Worlds, temos Lorule. Lorule é um outro mundo acrescentado pela história [este jogo conta cronologicamente não como um remake, mas sim como um evento acontecido anos depois de Link to the Past]. É nessa parte que seu cérebro esquece um pouco de Link to the Past, porque Lorule é bem diferente, ou não é tão igual, ao "Dark World". Lorule acabou sendo a parte do jogo em que eu pude desfrutar sem ficar torcendo o nariz. A falta de criatividade impera também, mas por não ser uma cópia do "Dark World", meu cérebro não ficava fazendo comparações automáticas. Apesar disso, Lorule segue a mesma "mecânica" do "Dark World". Depois, último chefe e fim...

apesar da bela capa, o jogo não tem nem manual...
Sobre a história do jogo, a premissa é boa, mas a execução é aquela coisa: o mais infantil possível, como num conto de fadas, recheado de clichês...

Minha visão sobre este jogo é que a Nintendo perdeu uma ótima oportunidade. O jogo não é um remake, nem é um jogo novo. Erro bobo. Além disso, teve grandes oportunidades de utilizar o hardware do 3DS e os novos itens, mas não fez mais que o básico do básico do óbvio.

O que deixaria o jogo MUITO melhor? Primeiro, não deixar Hyrule idêntica à do Link to the Past, tirar da cabeça do jogador a ideia de remake, fazendo um novo jogo com a mesma mecânica, mas não com o mesmo mundo de Link to the Past; tratar a história, que tem uma boa premissa, de forma menos infantil, aproveitando os ganchos que a premissa dá; fazer gráficos, pelo menos nas cutscenes, que condigam com a história, e que não sejam toscos [se até Pokémon pode, por que Zelda não?]; e ter usado as oportunidades que o hardware do 3DS oferece, aliado aos novos itens, de forma criativa, promovendo a vontade do jogador de explorar o mundo, e, principalmente, o recompensando por isso.

cartãozinho simpático do jogo
The Legend of Zelda: A Link Between Worlds é um bom jogo pra quem gosta do estilo Zelda 2D, e se você não ficar lembrando do Link to the Past, ou se não o jogou, mas poderia ser MUITO melhor...